Educomunicação e politicas publicas

Comentários sobre o texto de Ismar Soares:
Educomunicação: de experiência alternativa a política pública



Escrevo esse texto um tempo depois da discussão que tivemos em sala de aula, contamos com uma convidada, a Roberta França, e tivemos uma conversa bastante enriquecedora. 

Constatamos como  a América Latina se destacou no âmbito da educação e desenvolveu uma serie de projetos sobre educação e comunicação, e levantamos toda uma questão sobre a educação popular e a comunicação alternativa.

Sobre esse aspecto a discussão em sala foi de extrema importância, pois tentamos discutir o que diferencia um educador popular de um professor como conhecemos, tendo o educador popular caracterizado como alguém sem um ensino superior na área que desenvolve uma tarefa mas com conhecimentos adequados e uma metodologia de ensino popular, discutimos até que ponto um educador popular está habilitado a estar ensinando e como se encontra e define alguém com supostas habilidades para educação

 Sobre os educadores populares, imagem ilustrativa: O cordelista na Feira de José Borges  
Como esses estudos sobre educação e comunicação começaram a ganhar destaque também na literatura internacional. A partir dos anos 2000 o NCE ( Nucleo de comunicação e Educação da USP) conseguido publicar escritos em inglês, espanhol e até Italiano e  em 2009 foi criado na USP o primeiro curso que recebeu o nome de Educomunicação.

Discutimos ainda a ideia de um conceito interessantíssimo ao meu ver, o de  "Ecossistema comunicativo" que é uma espécie de metáfora que trata das relações sociais como um ecossistema e que para uma comunicação efetiva é preciso que tudo e todos estejam em sintonia.

Soares aponta algumas ações chaves na construção desse ecossistema, que para o bom funcionamento é preciso que o educomunicador trabalhe com politicas inclusivas, democráticas, criativas e que sejam valorizadas por meio das mediações midiáticas e de informação.

Ele deixa muito bem afirmado que essa teia, esse ecossistema não se constrói sozinho, nem espontaneamente e sim é construído por meio de politicas publicas e da gestão nas escolas  e que um dos grandes problemas na implementação desse novo modelo educacional tem sido justamente o sistema de educação retrogrado mas que já está enraizado nas escolas e que ainda é um método repassado para as novas gerações de educadores  em sua maioria. Para aplicar um novo conceito e uma nova estrutura como essa de educação é preciso uma nova pedagogia voltada para a educomunicação, com clareza e um bom planejamento, que promova criticidade dos meios de comunicação e que seja capaz de estar sempre se atualizando as novas mídias.

Pensando nisso que foi discutido até agora, algumas politicas publicas pensaram em formas de inserir esses conceitos nas escolas. Um projeto que faz grande sucesso foi o das rádios nas escolas, o Educom.rádio ( educomunicação pelas ondas de rádio) desenvolvido pela Secretaria de Educação de São Paulo com o NCE. Projeto este que distribuiu Kits para a produção radiofônica nas escolas, montando um pequeno estúdio e conseguindo um alcance de transmissão curto de 200 a 300m, mas que englobava toda a escola e algumas partes da vizinhança.

A ideia era mobilizar os alunos para que realizassem produções midiáticas de forma colaborativa  durante os recreios e que nesses programas pudessem discutir assuntos importantes aos contextos estudantis.

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Educom.radio, colocam sua estação para funcionar (ao lado). Daiane e Juarez: repórteres mirins, Reproducção : USP

Com projetos como esse a comunidade é  educativa é desafiada, pois a rádio deveria ser somente uma iniciativa  que dá vazão ao surgimento de outros projetos, além disso para que o projeto seja funcional é preciso que todo o corpo de alunos tenha acesso à essas atividades, não ficando apenas na mão de alguns alunos selecionados pela escola. É preciso que o projeto sirva como mecanismo de educação e comunicação, que não se perca em apenas um momento musical ou com recadinhos para os colegas, mas que pudesse se construir um sistema de informação onde conhecimento pudesse ser repassado e criado uma criticidade nos alunos, fazendo-os pesquisar para mover sempre com novas pautas.

Outro fator interessante é delimitar o quanto a escola pode se evolver nessas produções sem que esteja moldando os alunos a seguirem uma ideologia que não a educomunicativa e os limitando em suas atividades, banalizando assim o objetivo do projeto.

A Radio escola foi uma das muitas possibilidades de se desenvolver educomunicação nas escolas, mas ainda é preciso se pensar mais em outras praticas que permitam a expressão, a luta social e a comunicação, é preciso desenvolver politicas publicas e analisar de que forma  elas vem contribuindo para a criação desse ecossistema comunicativo nas escolas de ensino médio do Brasil, América Latina e mais além.

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